domingo, 25 de dezembro de 2016

PROFESSORES E PROFESSAUROS - CELSO ANTUNES

ANTUNES, Celso. Professores e Professauros. Petrópolis, RJ. Vozes, 2007

Ao fazermos uma pesquisa sobre a biografia do autor Celso Antunes, percebemos que primeiramente ele prefere falar de sua infância, do qual entendemos como muito pertinente, por isso trouxemos alguns trechos e só após esse relato, fala sobre sua vida profissional.

Meu nome é Celso, nasci em São Paulo e na infância comi terra, botei lombrigas[...]Construí caçambas com lata de óleo, caí de árvore, quebrei o braço, comi manga e tomei leite e fiquei com dor de barriga. [...] Aprendi a ler, chupei cana e assobiei ao mesmo tempo, fumei cigarro de chuchu, assisti seriado do Tarzan, ri muito com Carlitos, armei arapucas, fiz coisa feia e fiquei com medo da confissão, acordei com pijama molhado e escondi embaixo do colchão, tive espinhas no rosto e calos na mão, tirei cavalinho da chuva, fui carteiro e virei homem.

Nascido em São Paulo, 1937, Celso Antunes é formado em bacharelado e licenciatura: Geografia – Especialista Em Inteligência E Cognição; Mestre Em Ciência e Humanas, Universidade de São Paulo, 1968/1972, Atuando como Membro Da Associação Internacional Pelos Direito Da Criança Brincar (Unesco); Embajador De La Educacion – Organización De Estados Americanos; Membro Fundador Da Entidade “Todos Pela Educação”; Consultor Educacional Da Fundação Roberto Marinho (Canal Futura); Exército Brasileiro – Colaborador Emérito; Além De Ser Palestrante E Escritor.
Em seu livro Professor & Professauros: reflexões sobre a aula e práticas diversas, através do capítulo professor & professauros (um exercício de ficção), nos conduz uma viagem ao mundo da imaginação e de uma forma cinestésica nos leva a trilhar os caminhos percorridos por aqueles que escolheram a profissão de professor.
Em seguida, o autor divide, os professores em dois grupos, um chama de professores, outro de professauros, o primeiro relaciona-se aqueles que amam a educação e suas profissões, se realizam no que fazem. Desde o início do ano letivo começam a trabalhar com entusiasmo, vê em cada aluno uma oportunidade para proporcionar o gosto por aprender e assim sucessivamente em todas as instâncias que se relaciona com o ensino aprendizagem.
Enquanto que os professauros são opostamente distintos, o próprio nome advém do período cretáceo em que os dinossauros viviam no planeta terra. O significado da etnologia da palavra criada é a assimilação desse ser ao um período remoto, que não evoluiu. Este profissional é extremamente infeliz, tendo em vista que não tem esmero pelo faz, que acha tudo enfadonho, pesado, cujas rugosidades são árduas na prática do desenvolvimento profissional.
O autor nos surpreende fantasticamente quando lança a pergunta, em qual lado estamos, o que somos realmente: professor ou professauros?... e nos faz refletir sobre  nossas ações, nos levando a fazer uma autoavaliação pertinente, necessário na atualidade, deixando intrínseco que isto é uma oportunidade ímpar de transformação do nosso ser.
Em seu segundo tópico, autor continua com um título bem chamativo, uma espécie de aviso, de afirmação, dizendo que nem todos os dinossauros foram extintos, tendo em vista que ainda há professores que são apenas transmissores de conhecimentos ao invés de mediadores, que acreditam ser o centro das atenções e trabalham como se fosse, sem dar-se conta das mudanças ocorridas no mundo. Esse professor esta anestesiado, estático e por isso tornou-se o que é: retrogrado.
Já no tópico, da centralização do ensinar para a centralização do aprender, vimos que o foco foi mudando, o professor sai do palco, para dar oportunidade desse aluno brilhar, construir seus conhecimentos, expressá-los e explicita que ensinar, significava difundir o conhecimento, dos quais haviam normas e convenções sendo necessário aos assimilação dos alunos, estes tendo com direito apenas  utilizar dois sentido durante a possível aprendizagem, a audição e o tato, quando reforçadamente tinha escrever repetidas vezes.
A partir das críticas existentes a esse processo de ensino aprendizagem tradicional, surgiu à escola nova, no século XIX, e apenas no século XX fez muito barulho dentro desse sistema, para combater uma surdez predominante e insistente de continuar trabalhando nesse emoldurado ditatorial. Muitos autores se destacaram como Pestalozzi, John Dewey, Montessori, dentre outros que foram de fundamental importância nesse ajustamento de novas formas de ensinar e aprender.
Essas contribuições, foi a mola propulsora para o ensino especializado de deficientes, formação de professor, ensino infantil, dentre outros que foram motivados por essa nova forma de pensar a educação. Ensinar, de acordo com o autor, estimular os alunos, capacitando a reconstruir significados de acordo com o espaço de vivencia.
E o que seria uma aula? Para etnologia da palavra é algo muito triste essa sinonímia relacionado a espaço fechado, engaiolados, dentre outros termos não é muito exuberante. Quem disse que aula precisa ser especificamente nesses espaços, o autor nos diz que a aula pode ser em qualquer espaço, ao ar livre, em que os alunos sintam-se motivados para aprender, não importando sua idade.
Nesse ensejo, os verbos ensinar e aprender ganham novas formas, novos significados para ambos, discentes e docentes, o primeiro deixa de ser mero expectador encarcerado entre quatro paredes e passa a ser o protagonista dessa história e o segundo um diretor, em que ao dizer ação, o filme começa na tela da escola, quem aparece é o ator, ou seja, o aluno.
E o conhecimento? Celso Antunes, no diz: conhecimento e informação são distintos. E enfatiza que as informações são essenciais ao currículo, sua retenção pelo somente se justifica em duas condições: primeiro, quando representam elos essenciais para que com as mesmas se possam construir informações novas, emprestando-lhes um sentido, e segundo, quando o aluno pode transformar a informação em conhecimento e, dessa forma, contextualiza-la em sua vida e nos desafios que enfrentará a conviver.
Nessa perspectiva continua perguntando: o que ensinar? E nos orienta a diferença entre ensinar e instruir, enfatizando que  instruir tem aspecto negativo e positivo, o primeiro exclui a criatividade é pautado em regras que devem ser seguidas a risca, linearmente e o segundo, a instrução é essencial, quando mais instruído, melhor agiremos, porém dentro do ensino, é preciso ter cautela e discernir que ensinar é deixar o aluno construir seu próprio conhecimento sendo protagonista de sua história.
E as indagações continuam durante todo texto, tais como o que é aprender, o que significa educar, dentre outros que nos ajudam a refletir sobre os caminhos coerentes que os educadores devem trilhar, se distanciando das avaliações quantitativas, buscando sempre ser um mediador do conhecimento e este com a realidade na qual o aluno está inserido, aprendendo a conhecer, a fazer, a viver junto, a ser, enfim vivenciado os quatro pilares da educação com ênfase.
Diante do exposto, percebendo que o livro em estudo, é de fundamental importância para o conhecimento de todos os profissionais da educação, nos levando a pensar sobre nossa práxis e a fazer uma auto avaliação sobre nossas escolhas mediante  o processo de ensino aprendizagem. 

Devemos salientar que é uma leitura encantadora, prazerosa, de fácil entendimento e de uma grandeza ímpar nos proporcionando um melhor discernimento sobre a realidade vigente e como ela poderia ser se tivéssemos no seio de nossa escola apenas professores e que os professauros fossem realmente extintos, mas percebo que só um antídoto os tirará de cena: o amor pelo que fazemos e escolhemos: o amor por ser professor!