ANTUNES, Celso. Professores
e Professauros. Petrópolis, RJ. Vozes, 2007
Ao fazermos uma pesquisa
sobre a biografia do autor Celso Antunes, percebemos que primeiramente ele prefere
falar de sua infância, do qual entendemos como muito pertinente, por isso
trouxemos alguns trechos e só após esse relato, fala sobre sua vida
profissional.
Meu nome é Celso, nasci em São Paulo e na infância comi
terra, botei lombrigas[...]Construí caçambas com lata de óleo, caí de árvore,
quebrei o braço, comi manga e tomei leite e fiquei com dor de barriga. [...]
Aprendi a ler, chupei cana e assobiei ao mesmo tempo, fumei cigarro de chuchu,
assisti seriado do Tarzan, ri muito com Carlitos, armei arapucas, fiz coisa
feia e fiquei com medo da confissão, acordei com pijama molhado e escondi
embaixo do colchão, tive espinhas no rosto e calos na mão, tirei cavalinho da
chuva, fui carteiro e virei homem.
Nascido em São Paulo, 1937, Celso
Antunes é formado em bacharelado e licenciatura: Geografia – Especialista Em
Inteligência E Cognição; Mestre Em Ciência e Humanas, Universidade de São
Paulo, 1968/1972, Atuando como Membro Da Associação Internacional Pelos Direito
Da Criança Brincar (Unesco); Embajador De La Educacion – Organización De
Estados Americanos; Membro Fundador Da Entidade “Todos Pela Educação”;
Consultor Educacional Da Fundação Roberto Marinho (Canal Futura); Exército
Brasileiro – Colaborador Emérito; Além De Ser Palestrante E Escritor.
Em seu livro Professor &
Professauros: reflexões sobre a aula e práticas diversas, através do capítulo
professor & professauros (um exercício de ficção), nos conduz uma viagem ao
mundo da imaginação e de uma forma cinestésica nos leva a trilhar os caminhos
percorridos por aqueles que escolheram a profissão de professor.
Em seguida, o autor divide,
os professores em dois grupos, um chama de professores, outro de professauros,
o primeiro relaciona-se aqueles que amam a educação e suas profissões, se
realizam no que fazem. Desde o início do ano letivo começam a trabalhar com
entusiasmo, vê em cada aluno uma oportunidade para proporcionar o gosto por
aprender e assim sucessivamente em todas as instâncias que se relaciona com o
ensino aprendizagem.
Enquanto que os professauros
são opostamente distintos, o próprio nome advém do período cretáceo em que os
dinossauros viviam no planeta terra. O significado da etnologia da palavra
criada é a assimilação desse ser ao um período remoto, que não evoluiu. Este
profissional é extremamente infeliz, tendo em vista que não tem esmero pelo
faz, que acha tudo enfadonho, pesado, cujas rugosidades são árduas na prática
do desenvolvimento profissional.
O autor nos surpreende
fantasticamente quando lança a pergunta, em qual lado estamos, o que somos
realmente: professor ou professauros?... e nos faz refletir sobre nossas ações, nos levando a fazer uma
autoavaliação pertinente, necessário na atualidade, deixando intrínseco que
isto é uma oportunidade ímpar de transformação do nosso ser.
Em seu segundo tópico, autor
continua com um título bem chamativo, uma espécie de aviso, de afirmação,
dizendo que nem todos os dinossauros foram extintos, tendo em vista que ainda
há professores que são apenas transmissores de conhecimentos ao invés de mediadores,
que acreditam ser o centro das atenções e trabalham como se fosse, sem dar-se
conta das mudanças ocorridas no mundo. Esse professor esta anestesiado,
estático e por isso tornou-se o que é: retrogrado.
Já no tópico, da
centralização do ensinar para a centralização do aprender, vimos que o foco foi
mudando, o professor sai do palco, para dar oportunidade desse aluno brilhar,
construir seus conhecimentos, expressá-los e explicita que ensinar, significava
difundir o conhecimento, dos quais haviam normas e convenções sendo necessário
aos assimilação dos alunos, estes tendo com direito apenas utilizar dois sentido durante a possível
aprendizagem, a audição e o tato, quando reforçadamente tinha escrever
repetidas vezes.
A partir das críticas
existentes a esse processo de ensino aprendizagem tradicional, surgiu à escola
nova, no século XIX, e apenas no século XX fez muito barulho dentro desse
sistema, para combater uma surdez predominante e insistente de continuar
trabalhando nesse emoldurado ditatorial. Muitos autores se destacaram como
Pestalozzi, John Dewey, Montessori, dentre outros que foram de fundamental
importância nesse ajustamento de novas formas de ensinar e aprender.
Essas contribuições, foi a
mola propulsora para o ensino especializado de deficientes, formação de
professor, ensino infantil, dentre outros que foram motivados por essa nova
forma de pensar a educação. Ensinar, de acordo com o autor, estimular os
alunos, capacitando a reconstruir significados de acordo com o espaço de
vivencia.
E o que seria uma aula? Para
etnologia da palavra é algo muito triste essa sinonímia relacionado a espaço
fechado, engaiolados, dentre outros termos não é muito exuberante. Quem disse
que aula precisa ser especificamente nesses espaços, o autor nos diz que a aula
pode ser em qualquer espaço, ao ar livre, em que os alunos sintam-se motivados
para aprender, não importando sua idade.
Nesse ensejo, os verbos
ensinar e aprender ganham novas formas, novos significados para ambos,
discentes e docentes, o primeiro deixa de ser mero expectador encarcerado entre
quatro paredes e passa a ser o protagonista dessa história e o segundo um diretor,
em que ao dizer ação, o filme começa na tela da escola, quem aparece é o ator,
ou seja, o aluno.
E o conhecimento? Celso
Antunes, no diz: conhecimento e informação são distintos. E enfatiza que as
informações são essenciais ao currículo, sua retenção pelo somente se justifica
em duas condições: primeiro, quando representam elos essenciais para que com as
mesmas se possam construir informações novas, emprestando-lhes um sentido, e
segundo, quando o aluno pode transformar a informação em conhecimento e, dessa
forma, contextualiza-la em sua vida e nos desafios que enfrentará a conviver.
Nessa perspectiva continua
perguntando: o que ensinar? E nos orienta a diferença entre ensinar e instruir,
enfatizando que instruir tem aspecto
negativo e positivo, o primeiro exclui a criatividade é pautado em regras que
devem ser seguidas a risca, linearmente e o segundo, a instrução é essencial,
quando mais instruído, melhor agiremos, porém dentro do ensino, é preciso ter
cautela e discernir que ensinar é deixar o aluno construir seu próprio
conhecimento sendo protagonista de sua história.
E as indagações continuam
durante todo texto, tais como o que é aprender, o que significa educar, dentre
outros que nos ajudam a refletir sobre os caminhos coerentes que os educadores
devem trilhar, se distanciando das avaliações quantitativas, buscando sempre
ser um mediador do conhecimento e este com a realidade na qual o aluno está
inserido, aprendendo a conhecer, a fazer, a viver junto, a ser, enfim
vivenciado os quatro pilares da educação com ênfase.
Diante do exposto,
percebendo que o livro em estudo, é de fundamental importância para o
conhecimento de todos os profissionais da educação, nos levando a pensar sobre
nossa práxis e a fazer uma auto avaliação sobre nossas escolhas mediante o processo de ensino aprendizagem.
Devemos salientar que é uma
leitura encantadora, prazerosa, de fácil entendimento e de uma grandeza ímpar
nos proporcionando um melhor discernimento sobre a realidade vigente e como ela
poderia ser se tivéssemos no seio de nossa escola apenas professores e que os
professauros fossem realmente extintos, mas percebo que só um antídoto os
tirará de cena: o amor pelo que fazemos e escolhemos: o amor por ser professor!